Vale mais uma caneta que um teclado para o aprendizado

11/05/2011 17:40

 

 

À medida que os teclados substituem as canetas, novas pesquisas alertam que essa troca pode ocorrer a um preço não previsto: a perda de atividade cerebral crítica para o aprendizado que está intrinsecamente ligada à boa e velha escrita manual.

Essa preocupação surge com um estudo conduzido por uma equipe de pesquisadores na França e Noruega, que concluiu que a escrita manual é na realidade uma experiência sensorial muito diferente do que digitar num teclado, com cada atividade ativando partes distintas do cérebro.

“Quando escrevemos com caneta, os movimentos feitos deixam uma memória motora na região sensorial-motora do cérebro, que nos ajuda a reconhecer letras. Isto implica numa conexão entre leitura e escrita, e sugere que o sistema sensorial-motor exerce um grande papel no processo de reconhecimento visual durante a leitura”, explica Anne Mangen, do Centro de Leitura da Universidade de Stavangers, na Noruega, numa notícia divulgada pela instituição.

Mangen e seu colega Jean-Luc Velay da Universidade de Marseille divulgaram conjuntamente suas observações no jornal Advances in Haptics. Os autores também ressaltaram outra razão pelo qual a escrita pode afetar o processo de aprendizado: a escrita simplesmente demanda mais tempo.

Na ciência da educação, há pouco interesse na ergonomia da leitura e escrita, e seu potencial significado no processo de aprendizado. Os autores analisaram as descobertas de um estudo em que dois grupos de adultos foram pedidos para aprender um alfabeto desconhecido. Um grupo aprendeu utilizando a escrita manual, enquanto o outro o teclado. Algumas semanas após o aprendizado os grupos realizaram diversos testes e o grupo que aprendeu escrevendo se saiu melhor em todos eles.

Os autores alertam para o fato de que as pesquisas em pedagogia têm desviado de uma abordagem cognitiva e derivado para o foco das relações contextuais, sociais e culturais. Com isso, elas têm falhado em reconhecer como as diferentes tecnologias e materiais afetam os processos sensoriais-motores e como eles modelam a cognição, afetando o aprendizado.