Amamentação no primeiro mês aquém do desejável em Portugal

09/10/2011 18:35

A adesão das portuguesas ao aleitamento materno durante o primeiro mês de vida dos bebés ronda os 70 por cento, uma percentagem que fica aquém do desejável, lamentou hoje uma enfermeira especialista nesta área.

«Achamos que as mães não valorizam muito o aleitamento materno», afirmou à agência Lusa Irene Cerejeira, presidente da Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica da Ordem dos Enfermeiros, que quinta-feira, em conjunto com a Associação Portuguesa dos Enfermeiros Obstetras, promove em Viseu uma conferência sobre amamentação.

Segundo Irene Cerejeira, «a taxa de adesão (ao aleitamento materno) no primeiro mês de vida ronda os 70 por cento», mas o objetivo é que se atinja, «pelo menos», os 95 por cento.

«Daí haver necessidade de intervirmos, trabalhando a área de conhecimento das mulheres, falando das vantagens, de modo a que elas possam aderir ao aleitamento materno», justificou.

Com o decorrer dos meses, esta percentagem vai diminuindo e, «no sexto mês de vida, anda à volta dos 40 e pouco por cento», sendo que entre os quatro e os seis meses poucas mães conseguem alimentar o bebé em exclusividade com o leite materno, como recomenda a Organização Mundial de Saúde, sobretudo por motivos laborais.

Irene Cerejeira explicou que muitas mães desistem também de amamentar devido «à falta de apoio que sentem após a alta».

 

No entanto, a este nível, reconhece que tem havido melhorias, porque «agora os cuidados primários estão reorganizados de uma forma em que é dado mais apoio às puérperas» que, “principalmente na zona norte do país, são visitadas após o parto por uma equipa” dos cuidados de saúde primários.

«Pensamos que essa visita que é feita e esse trabalho junto dos utentes vai melhorar as taxas de adesão ao aleitamento materno», afirmou.

A presidente da Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica da Ordem dos Enfermeiros considera também muito importante o papel de iniciativas como a conferência de Viseu, integrada na Semana Mundial do Aleitamento Materno.

«Percebemos que há uma melhoria, mas não a suficiente. Têm de ser criadas redes de apoio, onde estejam os próprios profissionais a darem resposta às questões que possam surgir, porque a amamentação não é inata, há a necessidade de adaptação da mãe e do filho», frisou.

O envolvimento do pai na amamentação é também considerado fundamental, porque o aleitamento materno «tem de ser uma aposta do casal», acrescentou.

Durante a conferência, intitulada «Amamentar: uma experiência a 3D» e onde são esperados mais de 200 enfermeiros, serão apresentados diversos trabalhos de reflexão e de investigação que enaltecem a prática do aleitamento materno.

 

Fonte: https://www.paisefilhos.pt