Tire suas dúvidas sobre a traqueostomia

09/10/2011 20:14

O que é uma traqueostomia?


É uma abertura na traquéia, entre o terceiro ou quarto anel traqueal, realizada através de procedimento cirúrgico denominado traqueostomia.
 
Qual o objetivo da traqueostomia?
Colocação de uma cânula para ajudar na manutenção da respiração.
 
Quando utilizar a traqueostomia?
Quando há obstrução das vias aéreas superiores; para ajudar na remoção de secreções traqueobrônquicas; necessidade de proteger as vias aéreas contra a aspiração; evitar sequelas da intubação prolongada (estenoses cicatriciais); necessidade de ventilação mecânica prolongada (suporte respiratório prolongado). Utiliza-se também para reduzir o espaço morto e a resistência da via aérea durante a ventilação. (Vidigal e Gonçalves, 2008)

Em que muda a respiração com o uso da traqueostomia?
Com a traqueostomia, em vez do ar passar através do trato respiratório superior (nariz e boca) durante a inspiração e expiração a maior parte sai pela cânula introduzida na traqueostomia.

Quais são as mudanças fisiológicas ocasionadas pela traqueostomia?
1. Disfonia ou afonia: no paciente traqueostomizado a maior parte do ar é redirecionado para dentro da cânula. O ar residual que passa por fora da cânula é insuficiente para produzir voz de qualidade adequada, ocasionando uma disfonia. Na presença da cânula com cuff insuflado o ar fica totalmente impedido de atingir as pregas vocais, gerando uma afonia.
2. Alteração nos processos de umidificação, aquecimento e filtragem do ar: esses processos são funções do nariz, que fica praticamente em desuso com a traqueostomia, pois o ar é desviado, não passando mais pelo nariz. Isso causa o ressecamento da mucosa e o acúmulo de secreção, podendo gerar a formação de "rolhas" ou até mesmo a obstrução completa das vias aéreas.
3. Alteração olfativa e gustativa: como o ar não passa mais pelo nariz, os receptores celulares olfatórios não são mais estimulados. Como olfato e gustação estão diretamente relacionados, a diminuição da sensibilidade olfativa consequentemente diminui a gustativa.
4. Alterações nos mecanismos de defesa: ocorre a diminuição do reflexo de tosse e alteração da integridade da mucosa traqueal. Esse quadro resulta em aumento das secreções e consequentemente do risco de aspiração e infecções.
5. Modificação da resistência do fluxo aéreo: segundo Vidigal e Gonçalves (2008), nariz, faringe e laringe são responsáveis por 80% da resistência aérea total. A traqueostomia tende a diminuir esse esforço.
6.Perda da pressão subglótica fisiológica positiva: trata-se da inabilidade de gerar pressão intra-torácica positiva durante a expiração como fechamento máximo das pregas vocais. (Vidigal e Gonçalves, 2008)